O governo do Estado do Paraná está mobilizando esforços em colaboração com os municípios para a recuperação da área rural impactada pelas intensas chuvas dos últimos dias. Equipes técnicas da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), da Defesa Civil e das prefeituras locais estão em campo realizando levantamentos sobre as perdas, focando especialmente na infraestrutura e na produção agropecuária.

A situação é crítica nas regiões Sul, Centro-Sul e Sudoeste, onde as tempestades têm causado estragos. Essa época do ano é crucial para os produtores de trigo e cevada, que estão atualmente em plena colheita. Até a semana passada, grande parte da colheita já havia sido realizada, mas os temporais representam um risco significativo para a produção e qualidade desses cereais.

Além dos prejuízos na colheita, as chuvas também impactam o plantio de culturas como soja, milho e feijão, sendo essenciais para a agricultura paranaense. O milho, por exemplo, já estava 91% semeado, o feijão atingia 79% da área prevista, enquanto a soja estava em 58% dos 5,8 milhões de hectares destinados.

O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, ressaltou que muitos agricultores não possuem seguro, o que aumenta a vulnerabilidade. No entanto, mencionou que o governo está definindo critérios para apoiar os municípios, especialmente aqueles que declararam situação de emergência. Serão tomadas medidas para minimizar os impactos, com ênfase na trafegabilidade nas áreas rurais, essencial para o escoamento da produção agrícola. O governo também está considerando o volume de recursos necessário para a efetivação desse trabalho, visando uma resposta rápida e eficaz para as comunidades afetadas.

Na tarde de segunda-feira (16), o Governo do Estado do Paraná homologou os decretos de situação de emergência de quatro municípios: Rio Azul, Peabiru, Roncador e Porto Amazonas. Com essas adições, o número de cidades em situação de emergência devido às chuvas chega a 17. As fortes chuvas que têm afetado o estado levaram a essas medidas, com equipes da Defesa Civil e outros órgãos estaduais prestando auxílio à população atingida.

Atualmente, o estado contabiliza 62 mil pessoas afetadas em 76 municípios. Os últimos quatro municípios que tiveram a situação de emergência homologada se juntam a São Mateus do Sul, Ivaiporã, Santa Izabel do Oeste, Jardim Alegre, Paulo Frontin, União da Vitória, Pitanga, Rio Negro, Paula Freitas, Pinhão, Cascavel, Mangueirinha e São Jorge do Oeste.

Segundo a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil, 7.186 pessoas estão desalojadas (hospedadas em casas de parentes ou amigos), e outras 816 estão desabrigadas, temporariamente em abrigos públicos. Até o momento, foram doadas 3.391 cestas básicas, 1.900 kits dormitórios, 2.396 colchões, 1.249 kits de higiene e 655 de limpeza, além de 39.680 telhas.

O governo estadual também tomou medidas para hospedar as pessoas desabrigadas em hotéis e pousadas, destinando especialmente gestantes, crianças, idosos, acamados, pessoas com deficiência ou em situação de vulnerabilidade. Os repasses para essas hospedagens já estão ocorrendo em Rio Negro, União da Vitória e São Mateus do Sul.

O secretário estadual do Desenvolvimento Social e Família, Rogério Carboni, ressaltou a importância de oferecer atenção especial às pessoas mais vulneráveis afetadas pelas chuvas e garantiu que o Estado está pronto para agir rapidamente se a situação se agravar. “Todas as pessoas afetadas estão recebendo assistência, mas algumas têm necessidades mais críticas e requerem atenção extra do governo estadual, daí a disponibilidade de hotéis e pousadas”, disse Carboni. Ele também observou que, caso a situação piore, as equipes estaduais estarão preparadas para atuar prontamente.

O governo do Paraná tomou medidas para acolher as famílias desabrigadas devido às chuvas em União da Vitória. Como parte dessa iniciativa, essas famílias foram acomodadas em um hotel local no sábado (14), onde ficarão por pelo menos 15 dias. Isso acontece após o governador Carlos Massa Ratinho Junior determinar que os desabrigados sejam hospedados em hotéis e pousadas com diárias custeadas pelo governo estadual.

Essas famílias atendem aos critérios de prioridade estabelecidos pelo governo para esse tipo de assistência e estavam anteriormente em abrigos públicos em União da Vitória. O município foi um dos mais afetados pelas chuvas recentes, com a Defesa Civil relatando 508 desabrigados na região.

A medida trouxe alívio para famílias como a de Rômulo e Natalia, que agora podem contar com um ambiente mais seguro e confortável. O casal tem dois filhos pequenos, um deles com transtorno do espectro autista, e o pai é deficiente visual. A oportunidade de ficar em um hotel facilitará o processo de reestruturação da família.

Entre as famílias acolhidas, há uma gestante, um bebê em tratamento oncológico, dois idosos, um jovem e uma criança com autismo, um deficiente visual e um paciente psiquiátrico. Todos foram acompanhados por seus responsáveis e familiares.